Maicou recomenda Fazendo as Pazes Com o Swing

“Fazendo as pazes com o swing, uma obra que celebra os 10 anos da Orquestra Imperial e também é uma homenagem a Nelson Jacobina”

A dica/sugestão da vez no blog Sandália e Meia – Jornalismo Musical e Opinião é o recém-lançado trabalho da Orquestra Imperial, o malemolente, espirituoso, dançante e envolvente disco, Fazendo as Pazes Com o Swing.

Ao contrário do que li muito por aí, não se trata de um trabalho muito original, se comparado ao anterior Carnaval só ano que vem, lançado em 2007. Entretanto, isso não significa que seja um álbum ruim, pobre ou sem atrativos, muito pelo contrário. Penso apenas que os discos em questão seguem a mesma linha.

Falarei agora, faixa a faixa, deste álbum, que mais do que um novo registro, celebra os 10 anos da banda e é uma homenagem póstuma ao compositor, violonista e guitarrista Nelson Jacobina – falecido em 2012. Ok, chegou a hora de comentar as canções deste trabalho…

1 – Moléculas é o meio termo entre um mambo e um bolero. Gostosa, malemolente e suingada, a canção mistura traços clássicos a sutis, mas determinantes, inserções e propostas experimentais. Esta faixa mostra que a Orquestra Imperial mantém sua identidade, sua capacidade inventiva e o balanço de sempre.

2 – Tamancas do Cateretê dá aquela acelerada nos trabalhos com o bom e velho samba-rock, trazendo também muito do samba de gafieira. Frenética, esta música possui traços de música caribenha e é um convite para se levantar o bumbum da cadeira e rabiscar o salão até o Sol clarear.

3 – Fala Chorando chega cheia de cadência, sutileza, mas também muita força e ritmo. Uma interpretação de maravilhar a qualquer um, uma energia que engana por escapar pelos poros desta canção que finge ter/ser um sossego que ela não tem/é. Intensidade e beleza do início ao fim, magnífica!

4 – A Saudade é Que Me Consola retoma a pegada mais suingada e animada do disco. Excelente para se dançar, esta faixa, cantada com ares de exaltação, fala sobre mágoa, saudade, tristeza de uma forma tão franca e sincera, que beira a ironia, o deboche, mas é uma beleza só, afinal “nasce mais um samba em meu peito”!

5 – Pode Ser é um samba-canção eletrizado, acelerado, sobre um relacionamento, suas questões e suas possibilidades – nem sempre tão possíveis assim. Existencial, romântica e até um pouco canastrona, esta música conta com a interpretação inconfundível de Rodrigo Amarante (Los Hermanos).

6 – Cair Na Folia foi a primeira canção que escutei deste trabalho. Iniciada com um “Q” de caixinha de música, esta faixa é um samba-enredo, cuja temática é a eterna busca da felicidade, e o Carnaval como um bom e velho recurso para se esquecer aquilo que amargura o coração ou quem já se foi! Simbora cair na folia?

“Cair na folia eu vou, são só três dias, e esquecer o que passou”!

7 – Enquanto a Gente Namora diminui a dinâmica rítmica do disco, mas eleva a sensualidade do mesmo a níveis adoráveis e magníficos. Envolvente, explícita e poética, trata-se de um convite, uma trilha, o pretexto ideal para se namorar. Sensorial ao extremo, esta canção é um mergulho libidinoso, é um delírio gostoso por demais.

8 – Velha Estória é um samba típico sobre um relacionamento que certo não dá mais. Fala sobre insistência, sobre rotina; enfim, sobre a história de um casal que persiste em algo fadado ao fracasso, dando murros em ponta de faca.

9 – Aguenta Mais mantém o ânimo do disco e seu swing, de forma espirituosa, divertida e gostosa. Outra faixa que mescla o samba clássico com o samba de gafieira, sendo uma canção ótima para se dançar juntinho.

10 – Alcaçuz é um bolero/pop, energizado e bem frenético. Intensa, esta canção se cria, se estabelece a partir de batidas rítmicas pulsantes, estimulantes, metais instigantes e por inserções e efeitos envolventes, totalmente inebriantes – tudo isso amalgamado por uma sua voz.

11 – Ouvindo vozes é um bolero sentido, intenso, contido e até meio triste. Lembranças, solidão, fantasmas do passado, desapontamentos, traumas e tudo mais que uma boa e sofrida canção de amor exige. Há tudo isso aqui.

12 – Apaixonado é um sambinha gostoso, com uma pegada bem latina, sobre um amor que deu certo, sobre as maravilhas, como é bom e gostoso poder amar e ser amado. Que beleza! “É por isso que eu te amo, é por isso que eu te amo, é por isso que eu te amo…”!

13 – Mocotó em Tijuana fecha o disco de forma surpreendente, mas não muito. Como no disco anterior, uma música mais energizada, um rock encerra os trabalhos. Uma canção instrumental que serviria muito bem como abertura de uma série policial dos anos 70, ou como o início de uma pornochanchada tipicamente tupiniquim!

Se interessou em fazer as pazes com o swing? Então, ouça todo o disco aqui.

Cair na Folia – Orquestra Imperial

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