Como saciar o gostinho de quero mais que o show do Terno deixou?

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
O rock espirituoso e a dissonância/pop da banda O Terno, com a participação de Maurício Pereira

Normalmente, em um festival de música, o melhor sempre fica reservado para o final. Pois é, essa pode até ser uma “verdade” amplamente divulgada, mas o que pôde ser visto no último sábado, durante a quarta noite do Conexão BH, foi um show de abertura digno de ser o encerramento.  Os responsáveis? A banda O Terno.

Com força, autoridade e bastante energia, o show foi um encantamento só. Acompanhados pelo histórico e magnífico Maurício Pereira (Os Mulheres Negras), os rapazes apresentaram ao público de BH um pouco de seu repertório ácido e espirituoso, que integra o disco de estreia do trio, intitulado 66 e lançado no ano passado.

No momento do show, o público da noite ainda não era dos maiores, mas aos poucos, cada ouvido desatento, cada perna desanimada, cada fio de cabelo no lugar foram sendo conquistados pela dissonância/pop destes jovens, que transformam devaneios em canções e que, sob uma estética urbana e metalinguística, constroem uma narrativa sonora incrível.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Tim Bernardes, parabéns pela escolha dos timbres e efeitos aplicados à sua guitarra!

É claro que os rapazes do Terno ainda estão no começo de sua trajetória e têm muito o que melhorar e a apresentar; mas, sem querer jogar confete, jogando, e sem querer rasgar seda, já rasgando, é difícil ver um grupo tão promissor – já em seu trabalho de estreia – e com uma apresentação tão bacana e bem executada como a deles. Isso sim é de empolgar!

Como é gratificante e encantador ver a forma como Tim Bernardes explora e domina os efeitos em sua guitarra – preenchendo o ambiente e propondo viagens sensoriais e delírios sonoros instigantes, mas perfeitamente acessíveis. Isso sem falar na pegada empolgante e precisa da competente cozinha, conduzida por Guilherme “Peixe” (baixo) e Victor Chaves (bateria).

Desta forma, com talento e muita personalidade, os rapazes foram conquistando o público de uma forma geral e não apenas os iniciados, que já se deleitavam com a apresentação. O ápice, no fim do show, foi a interação proposta pelo trio (durante a canção Tic-Tac), que fez a plateia descer até o chão, para depois, sob o comando da banda, “explodir” em euforia -deixando aquele gostinho de quero mais!

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Maurício Pereira, participação nada esporádica, uma parceria magnífica

Antes de fechar esse texto é preciso destacar a determinante influência de Maurício Pereira no show e no trabalho do Terno. O Pereirão é mais do que uma participação esporádica, é um parceiro musical dos caras (algumas das canções do disco 66 são de autoria dele), soando às vezes como uma espécie de mentor para os rapazes.

O primeiro show de sábado do Conexão BH mostrou a maturidade de um público disposto a conhecer novidades e a reconhecer o valor de artistas, mesmo eles não sendo tão conhecidos quanto outros. É claro, também, que O Terno facilitou bastante as coisas, com um show de encher os ouvidos e aguçar os instintos. Excelente!

Quer conhecer melhor o trabalho dos caras? Clique aqui, acesse o site oficial do Terno e faça o download gratuito do disco de estreia deles – 66. Vai lá!

Papa Francisco perdoa Tom Zé – O Terno (Conexão BH)

Deixe um comentário

Acima ↑