Tribunal do Feicebuqui, a resposta cantada de Tom Zé!

"Todos os olhos, cliques, twittes e posts dirigidos a Tom Zé"
“Todos os olhos, cliques, twittes e posts dirigidos a Tom Zé”

Um EP ou apenas a prévia de um disco? Sob essas duas perspectivas, na última segunda-feira, 22, Tom Zé disponibilizou o seu mais recente trabalho – Tribunal do Feicebuqui. Apesar de ter lançado recentemente (há menos de um ano) o elogiado álbum Tropicália Lixo Lógico, o baiano de Irará juntou uma turma de responsa para compor, produzir e gravar mais este disco.

Irreverente, espirituoso, irônico e com ares de desabafo, Tribunal do Feicebuqui foi inspirado e é fruto da repercussão gerada pela participação do tropicalista em uma propaganda da Coca-Cola, intitulada A copa de todo mundo e que tinha a Copa do Mundo 2014 como temática.

Como tem sido comum, mais recentemente, o facebook foi o ambiente onde convergiram e conflitaram críticas, elogios, acusações, defesas, palavras duras, suaves, justificativas e desabafos, muitos recheados de exageros, superficialidades, estereótipos, preconceitos e intolerância.

Não cabe a mim julgar o cantor e compositor, apesar de pessoalmente não achar bacana a participação do mesmo no comercial, mas todo esse rebuliço acabou motivando uma grande obra e que me deixa ansioso por sua continuidade. Tribunal do Feicebuqui se aproveita de algo pontual e localizado, para abordar uma temática bem mais ampla e profunda.

Com importantes e determinantes participações e envolvimento de nomes como Daniel Maia, Emicida, Filarmônica de Pasárgada, Tatá Aeroplano, O Terno e Trupe Chá de Boldo, o disco ganhou vitalidade, amplitude argumentativa/estética e energia, podendo ser gerado em um curto intervalo de tempo.

De uma forma geral as faixas discorrem sobre a polêmica fazendo alusão ao ocorrido, aos comentários e às mensagens de retaliação. Falam sobre o susto de se notar que o Tom Zé estava promovendo a Coca-Cola, com uma pitada de dúvida se não acontecia justamente o contrário – a marca dando moral para o nordestino.

Brincam com a concorrência de um refrigerante tupiniquim e se utilizam de uma série de inserções e referências publicitárias. Aproveitam, inclusive, a eleição do novo papa, Francisco, para solicitar o perdão de Tom Zé, pecador, aliado do imperialismo, vendido à espera da primeira pedra a ser atirada.

Não que o compositor precise se explicar sobre o ocorrido, mas o álbum também é uma oportunidade do baiano apresentar os motivos pelos quais participou do comercial, além da mais óbvia e inquestionável razão – ele participou porque quis, porque achou interessante para ele, ora bolas!

O fato é que transtornos à parte, o bafafá criado via facebook e redes sociais teve uma excelente consequência para os ouvintes – um bom disco, mais redondinho, provocativo e que, a meu ver, supera o Tropicália Lixo Lógico, lançado em 2012. Além disso, culminará na segunda edição do Imprensa Cantada – excelente!

"Vários artistas participaram e ajudaram a compor este trabalho, crítico e irônico"
“Vários artistas participaram e ajudaram a compor este trabalho, crítico e irônico”

Para fazer o download gratuito do EP Tribunal do Feicebuqui, clique aqui. Abaixo está um documento que acompanha o disco:

Certidão de nascimento:

Nasceu aos 22 dias do mês de abril, sob o signo de In-Touro-Net, o filho do coca-colismo espermatizado pelos amigos do Tom Zé.

Nome de batismo: TRIBUNAL DO FEICEBUQUI

Padrinhos: Daniel Maia, Emicida, Filarmônica de Pasárgada, Tatá Aeroplano, O Terno e Trupe Chá de Boldo

Paternidade: Marcus Preto

Parteira: Neusa Martins

Assistente: Tania Lopes

ORDEM NO TRIBUNAL!

Tendo o Detetive-Chefe Marcus Preto considerado os textos do Tribunal do Feicebuqui literatura consistente para a criação de uma nova edição de Imprensa Cantada, soube pelo depoimento de Tom Zé que este resolvera doar o cachê do referido anúncio da Coca-Cola à banda de música de Irará, para uso na escola de música que ela mantém.

Como isso não criava impedimento, ele convidou as bandas supracitadas: Emicida, Filarmônica de Pasárgada, Tatá Aeroplano, O Terno, Trupe Chá de Boldo, para fazer parceria com os amigos de Tom Zé que postaram mensagens no Feicebuqui sobre o anúncio. E começaram a nascer as canções que comporiam um LP (vinil) e um CD a se chamar Tribunal do Feicebuqui.

No dia de hoje estamos disponibilizando cinco canções do futuro disco para os nossos queridos feicebuqueiros. Continuamos trabalhando no referido disco, cujo lançamento sonhamos fazer – em julho ou agosto – em Irará, Bahia – para entregar o cheque a Diógenes Barbosa, presidente da Lítero Musical 25 de Dezembro, a banda de música de Irará.

Vale contar que a banda de Irará está proibida de tocar no concurso de bandas do interior, promovido em Salvador pelo governo do Estado da Bahia. Pois, diante do protesto das outras bandas, ela atualmente só tem o direito de se apresentar hors concours, já que vinha vencendo todos os concursos dos últimos anos. O fato é que, apesar disso, à banda sempre faltam recursos.

O cachê será doado em nome de dona Maninha, mãe de leite de Tom Zé, que em grande pobreza criou cinco filhos e ainda formou dois deles – um em engenharia civil (Paulo Aquino) e outro em medicina (José Aquino). Alaíde e Dida são vivos, mas o irmão de leite de Tom Zé, Ivan Aquino, conhecido por “Ivan, o Turco”, morreu vítima de um assalto.

“Dos Santanas e Martins eu ganhei o comunismo especulativo e a doçura, mas foi o leite de dona Maninha que me deu a persistência. Tribunal do Feicebook não é uma resposta grosseira a quem escreveu contra ou a favor na internet. Respeito e agradeço a opinião de todos os feicebuqueiros já que fui influenciado por quem me criticou e por quem me defendeu.”

FICHA TÉCNICA

Tom Zé – Tribunal do Feicebuqui;

Gravado em abril de 2013 no estúdio Vale do Silício;

Arranjos e execução: Emicida, Filarmônica da Pasárgada, Tatá Aeroplano, O Terno e Trupe Chá de Boldo;

Produção musical, gravação e mixagem: Daniel Maia;

Direção artística: Marcus Preto.

Guindaste a rigor – Tom Zé

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